Manu propõe Moção de Congratulações ao centenário de Hugo Daros
A vereadora Manu Caliari (PRB) propôs Moção de Congratulações pela passagem dos 100 Anos de nascimento de Hugo Daros, comemorado no último dia 17. A proposta foi votada e aprovada por unanimidade na sessão de ontem (28).
A data da entrega da Moção aos familiares ainda não está definida.
Histórico
Hugo Daros nasceu em 17 de outubro de 1914, no "Vilarejo de São Marcos dos Polacos, pertencente ao 2º Distrito de São Francisco de Paula de Cima da Serra". Seus pais eras Augusto Daros e Angelina Nicoletti. Seu pai nasceu na Itália onde seu registro era Agostino Da Ros. Sua mãe era irmã do Major Nicoletti. Desde garoto, Hugo já apresentava uma liderança forte. Foi ali, em São Marcos, que relembrava grandes momentos familiares e a presença marcante de seu pai, bem como de sua mãe, uma Nicoletti forte e corajosa. Aos 9 anos, em uma brincadeira no dia da "Festa do Divino", que Hugo, além de se machucar muito no rosto, perdeu a mão esquerda, na explosão dos restos dos foguetes recolhidos pela criançada. Um detalhe que faria a diferença, pois ele foi o privilegiado entre os irmãos, com a continuidade dos estudos fundamentais, fazendo o Curso Complementar em Caxias do Sul.
Em 1925, a Família Daros se transferiu para Gramado, a convite do Major Nicoletti e o jovem Hugo passou a conviver com este tio que representaria sua grande força de lutas por Gramado. Foi pela escrita e pelos discursos de Hugo Daros que o Major Nicoletti ficou marcado em Gramado como uma "figura lendária" de nossa história. Com 12 anos, Hugo, armava bolão na Sociedade Recreio Gramadense e escutava os mais velhos em seus relatos, durante os jogos esportivos. Hugo foi aluno da Escola Isolada da professora Amélia Bossle Boelter e dos primeiros alunos matriculados quando da unificação das três escolas isoladas, de cunho familiar que existiam no povoado (a da professora Ema Ferreira Bastos e a do professor Boaventura Ramos Pacheco) formando o "Grupo Escolar". Dona Amélia gostava tanto daquele aluno que o convidou para ser professor deste Grupo Escolar, se ele continuasse seus estudos. Fez parte da 1º turma de formandos do Grupo Escolar em 1931. Animado pela "professora do coração", o jovem Hugo foi matriculado na "Escola Complementar" da cidade de Caxias do Sul onde cursou, com muitas dificuldades, mas com distinção, de 1932 a 1934, a preparação para se tornar professor, título que o identificaria para sempre na história de Gramado: o "Professor Hugo".
Hugo fazia, a cavalo, o percurso entre Gramado e Caxias, pelo Passo do Raposo, no rio Santa Cruz, mensalmente, ou no Passo do Pedancino. O acompanhavam dois colegas e especiais amigos, Oswaldo e Elzaide Ramos, filhos de Boaventura Ramos Pacheco. Em 1933, fez um de seus maiores discursos, no palco do Cine-Teatro Central, em Caxias, quando se manifestou publicamente, ainda estudante, em defesa aos agravos sofridos pela diretora e educadora Maria Amorim, da Escola Complementar que cursava (hoje Colégio São Cristóvão), sendo chamado então de "Defensor da Mulher Gaúcha". Nesta época, já escrevia no "Jornal Centelha" de Caxias do Sul, como redator secretário. O jornal da escola onde estudava, mas que abria suas páginas para seus anseios de escritor. Retornou para Gramado e ingressou como professor na sua escola do coração, substituindo sua mestra querida. Foi o primeiro aluno formado no Grupo Escolar (hoje Santos Dumont) a vir lecionar na escola de origem.
Em maio de 1935, é designado para exercer a função de auxiliar de ensino no Grupo Escolar de Gramado e em janeiro de 1937 é efetivado como professor de 1º entrância. Em dezembro de 1939 é nomeado diretor do Grupo Escolar e reconduzido ao cargo de dir etor, agora do Grupo Escolar Santos Dumont, em março de 1943. Foi em sua gestão como diretor do Grupo Escolar que aquele estabelecimento recebeu o nome de Santos Dumont, acatada pelos professores da época.
Foi membro atuante da Liga da Defesa Nacional na década de 40, Sub-núcleo de Gramado, da qual era secretário, juntamente com outros abnegados cívicos: Júlio Floriano Petersen, João Leopoldo Lied, Guilherme Dal Ri, Cláudio Pasqual, Nilo Dias, Euzébio Balzaretti, Pedro Candiago, Benno Ruschel, Genoveva Balzaretti, entre outros.
Em 3 de janeiro de 1942, casa-se com Soely Darsié Accorsi, uma jovem ítalo-brasileira, filha de Antônio Accorsi e Anna Darsié. O mesmo casal que seu pai estimulara anos atrás, a permanecer em Gramado, quando os Accorsi pensavam em voltar para sua localidade de origem, Carlos Barbosa. A jovem Soely lhe deu dois filhos: Dirceu Hugo e Marília.
Se desligou oficialmente do Grupo Escolar em 22 de julho de 1947. Em 1953 divulgou Gramado, juntamente com Adail de Castilhos, Eddy Oaigen, Cláudio Candiago e Elmuth Thomas, na comissão de publicidade dos Festejos de Inverno, do Gramado Tênis Clube que recém iniciava suas atividades sociais. De abril de 1948 até março de 1953, empregou suas atividades na administração da Construtora Gramadense Ltda., da qual era sócio.
Foi o secretário da Emancipação Política de Gramado e seu mentor intelectual, conforme credencial oficial da Assembleia Legislativa do RS, datada de 03 de outubro de 1953. Ingressou na lida cartorária por seu respeito e gosto pelos documentos. Passou a Ajudante Substituto do Tabelião e Suboficial do Registro Civil das Pessoas Naturais do Município de Gramado, em 1º de abril de 1964, em virtude do afastamento eventual e morte de seu titular, Armindo Volkart. Do Cartório, até hoje, restam memórias de toda a população de Gramado, principalmente do interior do Município, da convivência no balcão do Cartório, nas permutas complicadas de terras e no diálogo da vida familiar daquelas pessoas. Aposentou-se como Escrivão- Substituto.
Em janeiro de 1960, recebeu a nomeação oficial para ser "Comissário de Menores", voluntário e gratuito, pelo prazo de um ano, com imensas atribuições. Fez a maior parte dos estatutos dos clubes locais, organizando suas secretarias e arquivos, inclusive do interior do Município, participando também do Conselhos Deliberativos destas entidades. Presidente da Sociedade Recreio Gramadense 1969-70, atuou por longos anos no Conselho Deliberativo deste clube, afastando-se por seu pedido em abril de 1964, com um "voto de louvor" pelos relevantes serviços prestados em todos os momentos difíceis daquela sociedade. Recebe o título de "Sócio Honorário" em 10/12/1979. Foi Secretário Municipal de Educação, Cultura e Desportos. Participou por ideal, do Conselho Municipal de Turismo. Foi Presidente da Comissão Municipal do Mobral em Gramado por muitos anos, pedindo demissão em 1º de fevereiro de 1977. Participou da instalação do Rotary Clube Gramado-Canela do qual foi Secretário, Vice-presidente e Presidente, além de integrar outras comissões de serviço, até o desmembramento. Presidente do Rotary Clube de Gramado, durante o perí odo de 1968-69. Participava do Jornal Rotário com matérias de Gramado e região. Fundador, com outros abnegados do CNEG (Campanha Nacional de Educandários Gratuitos), com o curso contábil, hoje CNEC. Colaborador, como professor de português,durante alguns anos do antigo Ginásio São Pedro. Jornalista credenciado e registrado na Associação Riograndense de Imprensa (ARI), especialmente do Correio do Povo, como correspondente do interior, de 1937 até 1975. Em 1976 participa da 1º edição do Jornal Panorama de Gramado, falando sobre Educação e Ensino, pois era, neste período, Secretário Municipal de Educação, Cultura e Desportos de Gramado.
Vereador por uma Legislatura, como suplente ativo, de 1976 a 1982. Havia sido suplente de Vereador do Município de Taquara de 1945 a 1950. Como Vereador, foi ele quem propôs o nome de Caldas Junior para uma das ruas da cidade, ligando o jornalismo local ao jornalismo gaúcho. A maioria dos grandes nomes do jornalismo estadual eram seus amigos e frequentavam sua casa. Foi Juiz Eleitoral Preparador durante alguns anos. Iniciou o Jornal de Gramado, na sua 1º fase e colaborador espontâneo, na 2º fase, juntamente com outros abnegados. Orador oficial da grande maioria dos eventos acontecidos em Gramado. Hugo Daros colecionava manchetes, conhecia a comunidade e conhecia a imprensa. Fazia um turismo cultural, buscando unir o poder público com a imprensa e a comunidade, num tripé que possibilitou a realização de muitos eventos, nas décadas de 50 e 60. Foi através de um pedido em seu discurso, em dezembro de 1960, para uma caravana de jornalistas que visitavam Gramado, quando se pronunciou em nome do Prefeito Municipal da época, Arno Michaelsen, que o Diretor do SETUR (Serviço Estadual de Turismo), Oswaldo Goidanich motivou-se a conceder a Gramado a oficialização da "Festa das Hortênsias". Foi uma de suas frases que inspirou o registro oficial de Gramado como "Cidade Jardim das Hortênsias do RS". "...E Gramado, Cidade Jardim por excelência, aí está engalanada, ornamentada, iluminada, radiante de luz..."
Em 1960 ele editou, no interior do Programa da II Festa das Hortênsias, as suas famosas "Reminiscências", que foi publicada no final do mesmo ano no Jornal Correio do Povo da Capital. Recebeu o título de "Cidadania Gramadense" em Sessão Solene realizada em fevereiro de 1980, sendo este o maior presente que poderia ter recebido em vida: o "reconhecimento de seu amor por Gramado", por sua "jovem e sempre querida terra", como dizia. Foi depois de aposentado que se dedicou à pesquisa e à história com mais prazer, pois tinha mais tempo. No "Lazer do Tio Hugo", no Bairro Floresta, encontrou o recanto que precisava para isto e foi lá que passou seus últimos anos, entre livros, documentos, amigos, churrascos, a família e o jardim.
Quando faleceu em 14 de novembro de 1985, deixou uma última carta escrita e posteriormente registrada em cartório, dizendo: " O meu único compromisso é dar ao povo o Livro de Gramado". O Jornal Nova Época de Canela, registrou: "Gramado perde ilustre cidadão". A Prefeitura de Gramado decretou Luto Oficial por 3 dias.
Luiz Antônio Barbacovi, o Luia (meio filho adotivo, pois era assim que Hugo sentia) escreveria no Jornal de Gramado:"O meu candidato não construiu nenhuma ponte, nem e strada; não foi Prefeito, nem ex-Deputado ou Senador, não foi milionário, nem vigário. Foi o grande educador, historiador e pesquisador... Mas infelizmente não poderei votar nele...o meu candidato eterno à exemplo de cidadão e de amor por sua terra... morreu... Foi com ele que aprendi a ser útil á comunidade...foi com ele que aprendi a trabalhar". Gilberto Michaelsen, o Mica, do Jornal de Gramado, num artigo inesquecível, sugere o nome de Hugo Daros para o "Museu Municipal de Gramado", que, felizmente foi ouvido e pela Lei Municipal nº878/88, dado seu nome como Patrono Oficial do Museu Municipal de Gramado. GIlberto Michaelsen naquele artigo convoca a cidade a não esquecê-lo. Mas as pessoas esquecem, e Hugo Daros sabia disto, tanto que sempre escreveu. Porque, pela escrita, as pessoas podem ser mais lembradas, pois podem ser relidas. Este é o valor do livro e do contador de histórias.
Seus guardados históricos estão armazenados e protegidos no ARQUIVO HISTÓRICO PARTICULAR HUGO DAROS, criado pela família em 1º de abril de 1992, e que ainda continuou a atender estudantes e pesquisadores desde este tempo até a presente data. Graças a esta atitude, Gramado tem podido contar com informações corretas e parcerias que certamente, Hugo Daros se orgulharia.

 

Data de publicação: 29/10/2014

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